terça-feira, 18 de junho de 2013

"O Gigante Acordou!" - a minha contribuição aos protestos populares

Ouço dizer "O Brasil Acordou", "finalmente o povo se cansou" e outras formas de comemorar o crescimento expressivo dos movimentos e protestos populares nas cidades brasileiras. É importantíssimo reconhecer os atos como protestos (e não vandalismo, como alguns disseram no começo e logo mudaram de opinião), assim como incentivar e festejar esses episódios de adesão popular em massa. Mas, algumas coisas me preocupam nesse discurso e nos rumos dos eventos.

Antes de tudo, é preciso dizer aos que afirmam "o povo brasileiro nunca protestava, agora resolveu se movimentar!" que isso é, além de uma mentira, um desrespeito com os diversos movimentos sociais, partidos e outras organizações da sociedade que lutam pela construção de uma outra realidade social. Temos diversos grupos e movimentos que, ainda que com números menores, tem contribuído muito para a mudança no Brasil. A história não começou hoje, com nossos atos e fatos. Temos de olhar para trás e ver o acúmulo histórico, político, social e ideológico conquistado, para que todos esses números, essa beleza e comoção não sejam em vão - ou pior, um retrocesso. A ampla participação popular é extremamente preciosa e necessária, mas é necessário tanto quanto isso um projeto alternativo a este que está aí. Se não for assim seremos massa de manobra.

É necessário um projeto popular e democrático, que supere o atual estado das coisas. Que tenha coragem de romper com aquilo que precisa ser rompido, sem medo, sem ressalvas, sem negociação. Que não mais priorize o lucro, privatize sonhos, tipifique pessoas e desumanize o humano. Um sonho possível e utópico, um vir-a-ser construído a muitas mãos. Só que isso não quer dizer abrir mão dos que já estão nessa luta faz tempo, nem negar sua validade, suas conquistas e sua forma de lutar.

Por isso, penso que devemos ter cuidado com essas idéias de "movimento apartidário", "ideologias não me representam" e outras do tipo. O conservadorismo e aqueles que lucram com a exploração e a miséria do outro não precisam de siglas pra se manter no poder, eles já detém o capital. O discurso da "ausência de ideologia" sempre serve a alguma ideologia - normalmente à dominante, aquela que é capaz de abrir mão de uma parte de si pra sustentar o todo, de perder um braço aqui, para se manter lá. 

Só peço que saibamos mirar no inimigo certo.


Clique na imagem pra aprender como NÃO se faz um protesto popular, democrático e verdadeiramente revolucionário.


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Outras contribuições ao debate:
"Ei, reaça, vaza dessa marcha!", por Nata Castro (com contribuição de Guilherme Dal Sasso)

"A tentativa de banir partidos dos protestos", por Leonardo Mattos

"Não podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés", por Paulo Motoryn

"Pra onde vai o movimento passe livre? E pra onde não deve ir" de Victor Neves, militante do PCB

E, como sempre, Rafucko resumindo muito bem e contribuindo pro debate:

terça-feira, 28 de maio de 2013

Malafaia, PT e PMDB: Coerência pra quê?

Exercício político-ideológico e teológico-eclesiástico:

Silas Malafaia, pastor e principal promotor da Marcha para Jesus do RJ, afirma que o povo evangélico precisa ficar atento ao projeto político e a ideologia do PT, pois ele defende que esta "vai contra o evangelho". Porém, a Marcha se sustenta com dinheiro público daqui do RJ e tem um espaço em sua programação reservado a apoios ao prefeito Eduardo Paes e ao governador Sergio Cabral. Ou seja, Silas Malafaia apoia política e ideologicamente o PMDB do Rio.

Só que o PMDB demonstra ter uma ideologia simples: estar no poder. E ~por acaso~ tem alianças com o PT pra se manter no poder. Ou seja, o PMDB se alia ao PT para assim se sustentar e influenciar no governo, assim como sustenta o atual projeto PTista - projeto este que, como disse lá em cima, "vai contra o evangelho" segundo Malafaia.


Joinha, em Cristo.

A pergunta que fica é: Qual a ideologia do Silas Malafaia no meio dessa brincadeira toda? Criticar o PT e ao mesmo tempo apoiar quem sustenta o PT? Ou, simplesmente, apoiar àqueles que lhe dão espaço para desenvolver seu próprio projeto de poder, ainda que pra isso seja ""incoerente"" com sua ""ideologia""?

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Outra reflexão interessante sobre o tema:
midiareligiaopolitica.blogspot.com.br/2013/05/marcha-para-jesus-no-rio-ganha.html

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Os desafi(n)os de Marina Silva

(Reprodução da Internet)
Marina Silva: “Nem direita, nem esquerda, mas à frente” 
Numa breve (nem tanto) reflexão sobre o atual momento da ex-senadora Marina Silva, sua #redeprópartido e a frase "nem direita, nem esquerda", chuto que, das duas uma:

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mafalaia vs. Maria Gabriela: A Ideologia em um "Brasil Evangélico"

A entrevista do Silas Malafaia no programa da Marília Gabriela foi muito ruim. Apenas isso.

(reprodução da internet)Desde o início, apenas pela chamada do SBT que circulou na internet, já se percebia claramente o objetivo era a ~polêmica~ que o debate ia trazer. Malafaia é um pastor de "peso" - seja lá o que isso signifique - no cenário evangélico do Brasil, bem como na esfera política e até cultural. Ele é um dos símbolos do que vem se chamando de "brasil evangélico", ou seja, a descoberta recente da relevância dos que tem a fé evangélica em nossa sociedade - descoberta essa mediada pela grande mídia e, principalmente, pelo consumo deste grupo. Tanto essa descoberta é clara, que a própria Marília tem entrevistado alguns desses "grandes nomes" entre os evangélicos, como a cantora Aline Barros, a pastora e conferencista Sarah Sheeva e o próprio Silas Malafaia, entrevistado no último domingo