domingo, 6 de abril de 2014

Raquel Charizard, Liberdade de Expressão e Democracia


Rachel Shererazade violou padrões de ética do jornalismo. Fez apologia a um crime em rede nacional. É um avanço democrático podermos influir nos rumos do jornalismo da TV, já que esta é concessão pública e, no mínimo, deveríamos ter o direito de exigir que prestem contas daquilo que é noticiado e respondam ao serem questionados sobre os conteúdos veiculados. E isso vai muito além do "pedido de desculpas" da apresentadora.

Partidos políticos (de oposição e situação), movimentos sociais, o sindicato dos jornalistas, instituições e grupos de defesa dos direitos humanos, entre várias organizações, repudiaram e criticaram a fala desta jornalista, não foi uma "perseguição governamental". Não foi uma mobilização surgida no governo, mas sim, uma discussão e denúncia que passaram por vários setores da sociedade.

A fala dela não é expressão da liberdade, e sim do que há de pior no "neo conservadorismo" que não sabe olhar para a história, que relativiza a violência e legitima a barbárie retirando a humanidade e a dignidade do outro. A defesa da liberdade de expressão e da democracia é justamente termos espaço para criticar e repudiar a opressão e os ideais antidemocráticos.

A democracia não pode suportar o pensamento antidemocrático. Ser tolerante com o intolerante é uma contradição.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Carta de Princípios

Abril de 2014 (Eternamente Provisória)

Acredito em Deus Pai e Mãe, todo poderoso e todo amoroso, criador e sustentador da nossa existência. Ele é bom, nos dá livre arbítrio e quer o nosso bem. Está disposto a nos perdoar, nos ajudar na caminhada diária e a redimir o mundo - não sei como nem quando.

Acredito em Jesus de Nazaré, que foi homem, foi Deus e foi a expressão máxima do amor de Deus. Acredito que o sacrifício na cruz foi fruto de uma vida que contrariou muitos dos padrões da época e promoveu a radicalidade do amor, da justiça e da plenitude. Acredito que a vida de Cristo é exemplo para todos nós.

Acredito no Espírito Santo, Deus que habita em mim e nos meus irmãos, que nos sensibiliza para com as dores do mundo e nos consola em meio às dificuldades. Ele nos auxilia a compreender um pouco mais quem Deus é, quem Cristo foi e quem podemos ser.

Acredito num novo céu e nova terra e no Reino de Deus. Porém, acredito que estes são o nosso céu e a nossa terra em sua plenitude. Ou seja, acredito em uma experiência de vida plena, restaurada por meio de Jesus e da humanidade inspirada por Ele.

Acredito na liberdade da agência humana e acredito que grande parte do que é mal no mundo é fruto de nossas escolhas e da conjuntura que herdamos das escolhas de nossos antepassados. Acredito que tudo que é mal é, na realidade, a ausência de Deus.

Acredito no pecado - algo que nos desvia do alvo, nos faz imperfeitos individual e coletivamente. Algo que afeta nossos mínimos atos cotidianos e toda a realidade que experimentamos. Acredito que só Cristo nos liberta do pecado - e isso se faz cotidianamente, por meio de sua graça, do conhecimento de Deus e por meio de sua Igreja.

Acredito na Igreja, como reunião de pessoas que reconhecem suas imperfeições e buscam em comunidade viver e anunciar o Reino de Deus. Acredito na Igreja como um espaço de formação, crescimento, cuidado e partilha.

Acredito que a vida em comunidade, seja numa instituição, num grupo informal ou numa reunião familiar, é o maior desafio que Cristo nos deixou - e a principal maneira de nos aproximarmos um pouco mais de Deus.

Acredito na possibilidade de experimentarmos uma vida mais próxima da plenitude aqui em terra. E acredito ser vocação dos que creem em Deus promover este projeto de vida. Acredito também que quem promove este projeto de vida se aproxima de Deus, ainda que não dê exatamente este nome a Ele.

Acredito que céu e inferno são assuntos do cuidado de Deus e somente dEle. Penso que o que nos cabe é anunciar a justiça, a redenção, o perdão e o Reino. O resto é tentar correr atrás do vento e dar nome ao inominável.

Acredito na liberdade do pensamento. E de que só preciso ser honesto e falar apenas daquilo que sei ou daquilo em que acredito. Não posso pregar aquilo que não vivo e não acredito.

Nada disso é fixo e inegociável. Pelo contrário, já tive e tenho minhas crises internas. Mas não posso mentir - ainda acredito que isso é pecado.

Viu? Parece que não somos tão diferentes assim.

Assinado: Guilherme Lopes