Esses dias, conversando com minha família, revivemos algumas fases da
minha infância até hoje, mais especificamente, minhas “fases capilares”. Em
meio a tantas lembranças, percebi quantas vezes tentei modificar meu cabelo,
simplesmente por vergonha, por não me achar bonita com ele natural, enrolado e
com a raiz crespinha. Naquele momento me entristeci, mas vi que não foi culpa
minha, mas sim porque na época da minha infância e adolescência o meu tipo de
cabelo não era valorizado e, mais do que isso, era motivo de chacota. Missão
impossível era chegar à escola com um cabelo "black" assumido, com os
cachos soltos e armados, sem ser alvo de piada ou de olhares tortos, que
julgavam aquilo como “exótico", entre outros eufemismos. Era tanto medo! Eu
prendia, passava meio pote de creme, gel e escovava até parecer minimamente
esticado. Um “frizz” já era morte para mim. Lembro que por volta dos 7 ou 8
anos usava um chapéu diariamente para esconder meu cabelo. Com 12 anos o alisei
e foi uma das experiências mais difíceis da minha vida. Aqueles procedimentos
eram um “estupro” capilar e, quando me olhava no espelho, não me reconhecia,
não me identificava. Era apenas uma tentativa de me adaptar.