Ouço dizer "O Brasil Acordou", "finalmente o povo se cansou" e outras formas de comemorar o crescimento expressivo dos movimentos e protestos populares nas cidades brasileiras. É importantíssimo reconhecer os atos como protestos (e não vandalismo, como alguns disseram no começo e logo mudaram de opinião), assim como incentivar e festejar esses episódios de adesão popular em massa. Mas, algumas coisas me preocupam nesse discurso e nos rumos dos eventos.
É necessário um projeto popular e democrático, que supere o atual estado das coisas. Que tenha coragem de romper com aquilo que precisa ser rompido, sem medo, sem ressalvas, sem negociação. Que não mais priorize o lucro, privatize sonhos, tipifique pessoas e desumanize o humano. Um sonho possível e utópico, um vir-a-ser construído a muitas mãos. Só que isso não quer dizer abrir mão dos que já estão nessa luta faz tempo, nem negar sua validade, suas conquistas e sua forma de lutar.
Por isso, penso que devemos ter cuidado com essas idéias de "movimento apartidário", "ideologias não me representam" e outras do tipo. O conservadorismo e aqueles que lucram com a exploração e a miséria do outro não precisam de siglas pra se manter no poder, eles já detém o capital. O discurso da "ausência de ideologia" sempre serve a alguma ideologia - normalmente à dominante, aquela que é capaz de abrir mão de uma parte de si pra sustentar o todo, de perder um braço aqui, para se manter lá.
Por isso, penso que devemos ter cuidado com essas idéias de "movimento apartidário", "ideologias não me representam" e outras do tipo. O conservadorismo e aqueles que lucram com a exploração e a miséria do outro não precisam de siglas pra se manter no poder, eles já detém o capital. O discurso da "ausência de ideologia" sempre serve a alguma ideologia - normalmente à dominante, aquela que é capaz de abrir mão de uma parte de si pra sustentar o todo, de perder um braço aqui, para se manter lá.
Só peço que saibamos mirar no inimigo certo.
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Outras contribuições ao debate:
"Ei, reaça, vaza dessa marcha!", por Nata Castro (com contribuição de Guilherme Dal Sasso)
"A tentativa de banir partidos dos protestos", por Leonardo Mattos
"Não podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés", por Paulo Motoryn
"Pra onde vai o movimento passe livre? E pra onde não deve ir" de Victor Neves, militante do PCB
E, como sempre, Rafucko resumindo muito bem e contribuindo pro debate:
Clique na imagem pra aprender como NÃO se faz um protesto popular, democrático e verdadeiramente revolucionário. |
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Outras contribuições ao debate:
"Ei, reaça, vaza dessa marcha!", por Nata Castro (com contribuição de Guilherme Dal Sasso)
"A tentativa de banir partidos dos protestos", por Leonardo Mattos
"Não podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés", por Paulo Motoryn
"Pra onde vai o movimento passe livre? E pra onde não deve ir" de Victor Neves, militante do PCB
E, como sempre, Rafucko resumindo muito bem e contribuindo pro debate: